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9 de abril de 2013

Música no trabalho: ajuda ou atrapalha?



É difícil encontrar alguém que não goste de música. No entanto, o assunto divide opiniões quando o som é no ambiente profissional


Quando você está fazendo um trabalho cujo prazo é curto ou que demanda muita concentração, colocar uma música é uma boa pedida ou o silêncio é o melhor companheiro?

Pode ter certeza: essa pergunta divide tantas opiniões quanto a “disputa” entre profissionais pela temperatura do ar condicionado nos escritórios.  No entanto, independente da resposta dada, é preciso ter bom senso - especialmente quando se trabalha com outras pessoas. Se, por exemplo, você gosta de música e o ambiente permite isso, é preciso sempre ter cuidado para que ninguém fique incomodado com o volume, o gênero musical escolhido ou até mesmo com a quebra do silêncio. Já no caso de não gostar de sons, o melhor é dialogar para que haja um consenso e a opinião de todos possa ser respeitada.

Para algumas pessoas, é essencial que o local de trabalho seja silencioso para que possam exercer suas atividades. É o caso da operadora de back office Mayara Oliveira, que trabalha numa empresa de tecnologia e serviços. “A música serve para um momento relaxante, quando você chega do trabalho. Se estiver muito nervoso, até acalma. Mas, no trabalho, atrapalha e muito, pois você não tem foco algum. Eu mesma não consigo me concentrar no meu trabalho e na música”, afirma. 

Já com outras pessoas, acontece o oposto. A melodia serve de terapia, despertando a criatividade e aumentando a motivação. É assim para Rafael Tiba, que trabalha numa empresa de comércio de combustíveis. “Sempre fui adepto de ouvir música no trabalho e acho o ambiente muito mais alegre. Mas é claro que tem que haver um bom senso. Tudo sendo na medida e com o consentimento de todos, pode ter uma harmonia”, explica.

Diante dessas diferentes opiniões, qual é a melhor solução dentro de uma empresa? Cada um com seu fone de ouvido, som ambiente para todos ou nada de música?

O que dizem as pesquisas

Existem pesquisas científicas que tentam responder a essas questões, mas ainda não existe consenso sobre o assunto. Um desses estudos é o da pesquisadora Teresa Lesiuk, da Universidade de Miami (EUA). Realizado com profissionais da área de tecnologia, o estudo constatou que os trabalhadores que têm o hábito de escutar música apresentam melhores ideias e finalizam suas atividades mais rapidamente. No entanto, esse efeito foi mais sentido em empregados com um nível de experiência razoável, causando distração entre os menos experientes e afetando pouco os profissionais com vários anos de atuação.

Já um estudo realizado pelos psicólogos Nick Perham e Joanne Vizard, da Universidade de Wales (Reino Unido), aponta que é benéfico ouvir música antes de iniciar as atividades no trabalho. Porém, durante a execução das tarefas, o efeito é o contrário. Isso porque, durante o experimento, voluntários expostos à música tiveram uma produtividade menor do que aqueles que trabalharam em ambiente sem escutar nenhuma melodia.

Música x Ruídos

Diante da falta de consenso, prevalecem as normas da empresa para qual o profissional trabalha, que podem não permitir música ou oferecer um ambiente de trabalho com o fundo musical. Neste último caso, de acordo com a fonoaudióloga Talita Sunaitis Donini, é comum que a música seja empregada não só como uma maneira de estimular os funcionários, mas também com o intuito de atenuar outros sons.

“Todos estão muito mais vulneráveis a um telefone que toca, a uma porta que bate, a uma conversa paralela que, de certa forma, estão ali contaminando a concentração e a atenção. Isso acaba diminuindo a produtividade dos funcionários no ambiente de trabalho. Então, a música, nesse sentido, é usada como uma máscara para o ruído do ambiente”, afirma.

No entanto, a especialista alerta que, apesar da função atenuadora de barulhos, a música pode ser nociva quando é colocada em um volume superior ao dos outros sons. “Um estímulo tão forte quanto os ruídos acaba desgastando o profissional, se torna causa de estresse e piora a qualidade de vida do trabalhador. Além disso, a soma dos vários ruídos, dependendo de um determinado nível, acaba interferindo na habilidade de concentração, atenção e, consequentemente, na produtividade”, explica a fonoaudióloga, ressaltando que, se um trabalhador ficar exposto a um som por mais de 6h a 8h, ultrapassando 85 dB, ele já pode estar colocando a própria audição em risco.

Os perigos do excesso

Um exemplo dos que tem arriscado a saúde auditiva é o fotógrafo Brunno Dantas. Por trabalhar em uma boate, ele não tem como fugir da exposição a volumes altos de música. “Eu fico andando pela casa o tempo todo e, com o som rolando alto, minha comunicação com as pessoas é complicada. Tirando isso, como eu estou a madrugada toda exposto, às vezes não me lembro de usar o protetor auricular. Então, tem fotos que eu tiro ao lado da caixa de som, quase grudado. Quando volto pra casa, sinto ainda o zumbido no ouvido. Na hora de dormir, fico com a batida da música na cabeça ou com o zumbido fininho no ouvido”, descreve Brunno, que já tem perda auditiva.

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FONTE: ADMINISTRADORES

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