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1 de novembro de 2011

As mudanças que forçam a inovação nas empresas


As organizações se perderam na sua própria estabilidade

Veja: a Microsoft se burocratizou, cresceu muito e perdeu o ritmo de inovação dos concorrentes. Suas ações estão congeladas há mais de uma década em 25 dólares.
Ao passo que a Apple saltou de 17 dólares, a partir de setembro de 2004 para 320 dólares. E o Google de 105 dólares para 486 no mesmo período (Dados da Info – 305).

A defesa interna pela não mudança gera gradativa perda de musculatura para mudar, uma constante não adaptação às mudanças externas e, na continuidade, uma decadência, marcada claramente, por uma perda contínua de valor social, pois cada vez mais, ao longo do tempo, menos atende aos interesses para os quais foi criada.

Assim: Toda empresa é a solução criativa para uma angústia gerada por um problema - Duailibi & Simonsen;

Uma empresa sem perfil inovador, não acompanha e perde valor. Ou é derrubada por um concorrente, no caso privado; ou sofre uma mudança radical com a chegada de novos governantes eleitos para solucionar problemas desse tipo, reformulando o setor público, vide privatizações, terceirizações, etc. (Que, a despeito da luta política, representam a procura por solucionar problemas e ir para outro patamar de novos problemas, num eterno ciclo.)

Um político, por exemplo, usa uma instituição pública para seu benefício: as forças de dentro se afastam de seu objetivo principal. Assim como governantes que sucateiam instituições públicas, retiram meritocracia e verbas. Também temos os empregados. Esses lutam por salário, mas não por melhor qualidade de atendimento na sua prática cotidiana.

As empresas privadas se caracterizam, na maior parte atualmente, por uma procura do lucro a qualquer custo (vou chamar de lucro tóxico), a despeito do respeito pelos clientes e colaboradores. Práticas não aceitas pela sociedade criam uma desconfiança social ao longo do tempo. Por isso os consumidores optam por concorrentes mais coerentes com seus desejos, possibilidades e necessidades.

Se há um lado saudável em preservar a instituição, pois assim caminha a humanidade para se proteger, tal movimento quando exagerado, cria uma organização cada vez mais voltada para resolver os seus próprios problemas e de quem nela trabalha e menos para cumprir sua função social. Ou seja, passa a ser um problema e não uma solucionadora de problemas.

Evoluir para manter o valor

Tais situações são administradas por meio de uma taxa de mutação mais alta ou mais baixa dependendo da organização. Isso é algo, assim, a ser gerenciado para se chegar a um equilíbrio. Não há jeito, saída, momento no qual isso se resolve. É a gestão permanente da tradição saudável versus a tradição tóxica. Da inovação pelo modismo vazio versus a inovação pela necessidade da sociedade.

Isso tudo sofre um impacto radical quando o consumidor/cidadão recebe de mão beijada uma revolução da informação, pois a balança da não mudança se desequilibra. 

A regra do jogo dependia fortemente de quem apitava. Se muda o regulador – a mídia – muda-se todo o cenário. Vai além de um novo jogo, mas outro campeonato, em alguns casos, outro tipo de esporte!

As forças conservadoras das corporações perdem força e passam a estar diante da necessidade imperiosa da mudança, porque o ambiente está mudando, os concorrentes, idem. (Se isso não é totalmente visível em todos os setores, é por que tudo caminha como uma onda. Começaram os setores de tecnologia, de mídia e se espalha por todos os outros da sociedade. É esperar para alguém bater na porta.)

Por quê?

Está caindo a ficha para cada vez mais gente: grande parte da manutenção tradicionalista das organizações se dava e ainda se dá (cada vez menos) em torno do controle da comunicação, da informação e da relação entre os consumidores.

Esses aceitam uma empresa com pouco valor por falta de opção dos concorrentes, por falta de informação, por falta de articulação entre os pares para reclamar e mudar o quadro e por falta de comunicação para poder dizer o que realmente pensa e sente.

O que impedia a mudança se rompeu. As possibilidades de informação, comunicação, relação e de geração de novos negócios mudaram radicalmente de patamar, gerando um novo consumidor.

É, sem dúvida, a maior mudança organizacional, desde que o capitalismo foi fundado há quase 500 anos. É a chegada de um capitalismo digital, combatente do lucro tóxico do capitalismo analógico, hoje completamente decadente. E esse vai criar outra forma de equilíbrio mais dinâmica entre a tensão do mal estar das organizações.

E sua empresa, está preparada para estas mudanças?
Autor: Carlos Nepomuceno
Fonte: Webinsider.com