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26 de setembro de 2011

Gestão de pessoas e processos sem segredos


Como é próprio às decisões de um gestor, responda rápido: Com a divisão da gestão em três partes distintas compreendendo custos, pessoas e processos e você tendo que escolher uma para atuar, qual seria sua escolha?
Pense.

Não pense que esse conflito é apenas para um gestor propriamente dito. Embora sua função não seja a de gestão, você passa, às vezes sem perceber, por esse processo de escolha todos os dias em seu ambiente de trabalho e familiar.

Não há dúvidas de que todas as partes, que ainda possuem suas subdivisões, sejam de extrema importância, mas a questão do que se considera mais importante é o que pode lhe colocar ou lhe tirar da linha do sucesso. Não há surpresa nenhuma em saber que o mais importante é o mais difícil de gerir dentro de cada divisão. Em especial, lembre-se que no início, meio e fim se apresenta a mais complexa presente em tudo: pessoas.

Para não usar de retórica, na prática, não há como escolher. Essas partes estão extremamente ligadas e uma depende da outra. Daí, voltamos à sua resposta: Se você escolheu uma por não se identificar com outra, as chances de trazer seu projeto para o sucesso diminuíram, pois você já o colocou em perigo. Em muitos casos, o sucesso desses projetos se mostra em contra-sensos. Aquilo que mais odeia deve ser o mais amado; aquilo que mais se é fraco merece uma maior dedicação para ser fortalecido.

Muitos líderes se perdem no caminho por tratarem essas partes de uma forma igual. A compreensão sobre custos é muito diferente da compreensão que se dedica às pessoas e o conhecimento sobre processos não é nada do que “achamos” conhecer sobre pessoas. Essa confusão se dá a depender da visão que se tem sobre a importância das pessoas dentro dos processos. Não cabe mais lidar com pessoas da mesma forma que se lida com processos. Parece simples, mas é de prática dificílima. As empresas modernas estão, cada vez mais, tendo que aprender a distinguir TPM (tendências, processos e métodos) de uma TPM (tensão pré-menstrual) ou RI (rendimentos e investimentos) de uma RI (relação interpessoal).

Os líderes aprendem que nem todos rendem o esperado ao trabalhar sob pressão e que isso não significa que o sucesso da equipe esteja comprometido. Pessoas têm chaves para a criatividade, para a produção, para a atenção e para a reação que são “ligadas” das mais diferentes formas. Feliz é o gestor que sabe lidar com isso e entende que pressionar é muito diferente de acuar. Ele precisa absorver algumas coisas e não propagá-las. Isso não é ser “o protetor” é ser “o transformador” que extrai de uma adversidade a melhor maneira conjunta para soluções em um ambiente despoluído. Sem ilusões. Sem terror.

Fico triste quando vejo empresas oferecendo vagas em que uma das exigências é “trabalhar sob pressão”. Como se para isso os atributos pessoais pudessem ser todos transformados em um único fim. Isso é acuar. Fuja disso! A pressão quando é oferecida pelo mercado lhe traz desafios e isso é uma maravilhosa possibilidade de crescimento, mas quando essa pressão é oferecida pela empresa pode estar se revelando uma desorganização e acomodação. Competitividade não se alcança assim. Ela já lhe chama para apagar seu “incêndio” e tolhe seu crescimento quando lhe tira o tempo para conhecer os processos e inová-los. Pessoas pensam, processos fluem.

A concepção de que podemos, em sua plenitude, gerir pessoas é o que nos mostra o caminho do fracasso. Motivá-las, evidenciar suas características positivas, encorajá-las a mudar seus aspectos negativos e aprender e ensinar dentro desse complexo mundo da convivência, são excelentes ingredientes para a fórmula do sucesso. O respeito pelo espaço pessoal e familiar completa essa fórmula. O que deixa para um bom gestor de pessoas um grande desafio de alcançar metas sem deixar de ser pessoa. Colocando-se nessa condição, ele passa a entender que cada um possui seu universo de ações e reações diferentes – inclusive dele próprio. Isso é ser audaz e forte sem perder a sensibilidade. Lembro que liderar é uma virtude assim como ser liderado também o é.

Então, por que muitas empresas procuram “obrigar” pessoas quando seria melhor, pelos seus propósitos, “conduzir” seus processos? É muito mais vantajoso envolver as pessoas no processo. E isso é muito simples. Você só precisa passar conhecimento às pessoas e não simples tarefas. Se você passar o porquê e para quê fazer, já estará envolvendo-as ao processo e, muitas vezes, irá enriquecê-lo com a liberdade do “como” fazer. Daí se mensura sua importância dentro do processo e já não há mais a necessidade de “colar” em uma ou outra pessoa para que entregue as tarefas a ela incumbidas pois o próprio processo se encarrega disso. É triste saber que em muitas equipes só o líder detém o direito e a obrigação de pensar quando todos ganhariam ao entrar na eficácia e desenvolveriam processos mais eficientes. Claro, tudo depende de comprometimento. Mas, o profissionalismo não se reconhece fora de processos.

Portanto, o sucesso de uma boa gestão está no que não se consegue gerir plenamente – nas pessoas. E aí estão todas as portas para a criação, desenvolvimento, inovação, motivação e todas as maravilhas de um processo de aprendizagem que nunca finalizaremos. Isso permite que continuemos caminhando, nos movimentando – como andar de bicicleta: nunca se esquece e se parar, cai. E nessa caminhada vamos nos destacando e contribuindo para o destaque de outros. Vamos melhorando como profissionais e como pessoas, dentro da verdadeira razão de sermos humanos.

Sei que nem todos concordam, pois na prática o mercado desperta mais a nossa agressividade do que nossa compreensão. Será que isso já não é reflexo dos nossos conceitos de gestão com sucesso? Do que não entendemos que o poder da gestão é apenas emprestado pelo outro? O que fica é o que realmente somos com nossos defeitos e qualidades. Estamos todos dentro do mesmo processo de aprendizagem.

Autor: Marcos Aurélio da Costa
Fonte: logisticadescomplicada.com