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12 de dezembro de 2014

Como combater os furtos na loja


Pesquisa mostra que as perdas somam US$ 2,3 bilhões no País e que os desvios internos ainda são preocupantes. Boa gestão, sistemas de controle e políticas de RH reduzem o problema.

Ser vice-campeão nunca foi bom. Pior ainda se a disputa é para saber quem tem o maior percentual de perdas em relação às vendas. Mas não teve jeito: a nova versão do estudo Barômetro Mundial do Furto na Cadeia de Distribuição (Global Retail Theft Barometer 2010), realizado pelo instituto inglês Centre for Retail Research e patrocinado pela Checkpoint, aponta o varejo brasileiro como o segundo colocado entre os mais de 40 países analisados. 

De acordo com a pesquisa, a perda média neste ano por aqui atingiu 1,64% das vendas. Mais do que uma ligeira alta de 0,02 ponto percentual em relação a 2009, o resultado signifi ca US$ 2,3 bilhões desperdiçados pelo varejo brasileiro em 12 meses.

A pesquisa contou com a participação de 37 empresas brasileiras responsáveis por mais de 29 mil lojas e que somam quase R$ 14 bilhões em faturamento. Quando analisadas as principais razões para as perdas, fica claro que os furtos continuam em alta, sobretudo os cometidos por funcionários. Eles são responsáveis por 43,4% de todo o prejuízo, segundo o estudo. Vale lembrar que o levantamento inclui todos os tipos de varejos – e não apenas empresas do autosserviço –, mas mesmo assim o resultado merece atenção.



COMO COMBATER:
 
Ações começam pelo RH
Para Gustavo Velehov, diretor-geral da fabricante de equipamentos antifurto Checkpoint, há fatores culturais e socioeconômicos envolvidos no problema. Segundo o executivo, alguns funcionários ainda têm a visão de que, enquanto passam por dificuldades financeiras, a empresa tem dinheiro de sobra. Para alguns, existe ainda a crença de que furtar um ou outro produto não fará falta. Na opinião de Velehov, políticas de RH com ênfase na motivação da equipe e incentivos, como participação nos lucros, minimizam o problema. “Com isso, o funcionário sente que o negócio também é dele”, afirma.

Romualdo Coelho, sócio-fundador da RTC Consultoria de Gestão de Varejo, acrescenta que o envolvimento do colaborador para reduzir fraudes pode ser conquistado desde o primeiro dia de trabalho. Ele sugere receber novos funcionários com um “kit de boas-vindas”, que incluiria apresentação e entrega de documento impresso com histórico da empresa, missão, funcionamento dos setores, código de ética e consequências dos desvios de conduta, como atrasos, ineficiência e, claro, furtos e roubos.


AJUDE A MUDAR A NOMENCLATURA: 

Mostre que o lucro da empresa é baixo
Criar um programa de transformação cultural é outra sugestão do consultor da RTC. “Se perguntarmos para os funcionários qual o lucro de um supermercado, teríamos nas respostas uma média de 30%. É importante esclarecer que a realidade é muito diferente”, afirma. Segundo o especialista, é fundamental informar à equipe que o resultado varia entre 2% e 5% para todos entenderem que qualquer erro acarreta prejuízo. “Essa é uma das peças fundamentais para se quebrar o sentimento de que os empregados são mal pagos e as empresas enriquecem facilmente com o esforço alheio”, garante.

O furto de ‘oportunidade’, no entanto, é apenas parte do problema. Há quem já entre na companhia com a intenção de desviar produtos. Checar antecedentes e obter informações com as empresas em que o profissional trabalhou anteriormente são iniciativas para evitar a contratação dessas pessoas. Dados da pesquisa revelam que apenas 20% dos varejistas da América Latina – inclui Brasil, Argentina e México – adotam esse procedimento.

PUNIÇÃO SEVERA: 

Exemplo para todos
Quando prevenir não surte efeito, o caminho é a punição. “Sempre que um furto é presenciado e há testemunha, a lei permite à empresa demitir sumariamente os envolvidos”, explica Ana Caroline Fernandes Nonato, coordenadora do Grupo de Prevenção de Perdas do Provar/ Fia. “Não adianta estabelecer punições leves, como advertências, pois estimula outros a fazer o mesmo.”

Quem furta a empresa se aproveita das deficiências nos processos. “Um raciocínio comum é "sei que a loja não controla estoques, logo não vão perceber o sumiço dessas mercadorias", diz Coe lho. Ter um sistema para saber o que entra e sai dos depósitos e realizar inventários periódicos desfaz essa crença.


Outro ponto é investir na prevenção de perdas. Com base na pesquisa, Velehov, da Checkpoint, comenta que muitos varejistas preveem investimentos no planejamento, mas mudam de ideia conforme surgem outros gastos ao longo do ano.

Ter uma área de prevenção também é importante para combater furtos externos, responsáveis por 32,8% das perdas, conforme o estudo. Além de definir quais ações e equipamentos serão utilizados, o profissional desse setor deverá, segundo Velehov, ter perfil motivador e carisma para mostrar às diferentes áreas que inibir perdas é trabalho de todos. Trocar informações com outros varejistas é a dica de Luiz Fernando Sambugaro, diretor de marketing da Gateway Security. Segundo ele, há quadrilhas que agem em diversas lojas. Para tirá-las de circulação, é importante manter outros supermercados informados sobre características e modo de agir.

Veja AQUI como identificar atitudes suspeitas e potenciais furtadores.

Para Ana Carolina, do Provar/Fia, quem deseja investir deve começar pela tecnologia e, em seguida, passar ao treinamento. “Qualquer funcionário que observar alguém em atitude suspeita pode oferecer ajuda ou sugerir, educadamente, que use a cestinha para guardar o produto”, afirma. É preciso, no entanto, cuidado na abordagem para evitar processos.

Fonte: Supermercado Moderno
Autor: Fernando Salles