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23 de janeiro de 2014

A crise que abalou o império de Eike Batista

Quanto maior o poder, maior a responsabilidade! já dizia nosso querido Homem-Aranha. 


Eike Batista, detentor de tantos cases de sucesso, vive hoje um triste cenário de insucesso e prejuízos que o colocam fora das listas de mais ricos do mundo, e prejudica muita gente com a queda de suas empresas. Entenda os fatos:

Eike Batista já foi o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, e disse que se tornaria o mais rico do mundo até 2015.

O sonho evaporou-se. Em 2013, ele perdeu a coroa brasileira para o também empresário Jorge Paulo Lemann, dono de marcas como Ambev e Burger King. Restou a Eike outro título: o de "maior perdedor do ano", segundo a revista "Forbes", com perdas de US$ 2 milhões por hora.
Empresas não entregam resultados prometidos

As empresas "X", do grupo de Eike, deixaram de cumprir cronogramas e de atingir metas. A falta de resultados e o pessimismo em relação ao futuro do grupo preocuparam investidores, e as ações passaram a cair na Bolsa. Com isso, o patrimônio do empresário começou a encolher, ainda em 2012.

O grupo EBX firmou um acordo com o banco BTG Pactual, em março de 2013, tentando recuperar a credibilidade junto ao mercado financeiro. A parceria não foi suficiente.
OGX 'reavalia' suas promessas de produção

O ponto decisivo para os negócios de Eike veio no começo de julho de 2013. A petroleira OGX, que já foi a mais importante do império do bilionário, anunciou que não seguiria adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos, antes consideradas promissoras.

Foi a gota d'água, após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira.

Agências de risco rebaixaram a nota da OGX para níveis próximos ao de empresas em situação de calote. Bancos reduziram sua expectativa de preço para a ação, chegando a cogitar que o papel valeria R$ 0,10 em um ano.

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) decidiu investigar se houve falhas na divulgação de informações ao mercado.

Em 1º de outubro, a OGX confirmou um já esperado calote de US$ 44,5 milhões a credores estrangeiros. A notícia foi tratada como o "fim de uma era" pela mídia internacional.
Eike deixa de ser bilionário, 'queima filme' do país e vira 'meme' na web

Em 2013, Eike foi deixado de fora do ranking dos 15 mais ricos do país da "Forbes Brasil". Depois, a "Forbes" internacional calculou que ele havia deixado de ser bilionário (pelo menos em dólares), com fortuna estimada em US$ 900 milhões.

Internautas criaram a hashtag #EikeGenteComoAGente e deram "dicas" nas redes sociais para o empresário lidar com uma eventual pobreza. Eike, por sua vez, abandonou seus fãs no microblog Twitter.

A revista "Bloomberg Businessweek" colocou Eike na capa e disse que ele virou motivo de piada no Brasil.

Nem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, poupou o empresário de críticas. Disse que a crise nos negócios do empresário "causou problemas para a imagem do país e para a Bolsa de Valores". A Bovespa mudou a metodologia do seu principal índice, o Ibovespa, pela primeira vez em 45 anos, para reduzir o peso de empresas como as de Eike nos resultados diários.
Eike vende controle de empresas; iate vira sucata

Em meio à crise nos negócios e com dívidas para pagar, Eike começou a se desfazer do controle de suas companhias e de parte de seu patrimônio. Vendeu a marina da Glória e o porto Sudeste, da mineradora MMX. Tentou vender seu iate Pink Fleet, que, sem comprador, acabou virando sucata.

O grupo norte-americano EIG comprou o controle da empresa de logística LLX, quemudou de nome para Prumo. A alemã E.ON assumiu o controle da companhia de energia MPX, outra que também alterou seu nome para Eneva, tentando deixar para trás o marcante "X" de Eike Batista.

As empresas do grupo EBX fizeram grandes cortes de funcionários, e começam adeixar o histórico edifício Serrador, no centro do Rio.
Inferno astral, 'comendo vidro'

Nas redes sociais e na imprensa, Eike manteve o silêncio sobre a crise.

A primeira vez em que falou sobre o assunto foi em um artigo de jornal, em 19 de julho. Relembrou passagens de sua "trajetória de mais de 30 anos de muito trabalho" e disse ter errado ao lançar ações das empresas na Bolsa de Valores.

Escreveu que seu obituário empresarial vinha ocupando as páginas de blogs, jornais e revistas, mas afirmou: "Só posso dizer que me vejo muito longe deste Eike aposentado".

Dois meses depois, em entrevista ao "Wall Street Journal", culpou os executivos da OGX e a falta de sorte pelo colapso de seu império. Comparou-se ao empreendedor norte-americano Elon Musk, fundador da empresa de pagamentos Pay Pal.

"Musk disse que começar uma empresa é como comer vidro. Eu estou comendo vidro."
OGX e OSX pedem recuperação judicial

A petroleira OGX entrou com pedido de recuperação judicial (antiga concordata) em 30 de outubro de 2013, declarando ter dívidas de R$ 11,2 bilhões. É o maior caso de recuperação judicial da América Latina, segundo dados da agência de notícias Reuters.

Doze dias depois, foi a vez do estaleiro OSX entrar com o pedido de recuperação judicial, com dívidas acima de R$ 5 bilhões

A recuperação judicial, antiga concordata, é uma opção para empresas que estão em crise, mas acreditam ter chances de sobreviver.

Os planos de reestruturação das companhias precisam ser aprovados por todos os credores, e o processo todo só deve ser concluído em meados de 2014.

Fonte: economia.uol.com.br/