Nelson Lisot : trabalhava na roça e hoje fatura 200 milhões
“Aos 14 anos eu já trabalhava firme na roça, dando expediente cheio para ajudar minha família, que vivia da viticultura”, recorda Nelson Lisot, fundador da marca de eletroportáteis Cadence. Ao completar 18 anos, o gaúcho de Santa Lúcia do Piaí
, deixou a roça e foi para Caxias do Sul estudar administração de empresas.
Na cidade, trabalhou numa loja de calçados e em seguida passou a vender produtos de cama e mesa de porta em porta. Nessa época, já namorava Cleusa, sua futura mulher. “Nós carregávamos malas com produtos de terceiros. Mas com o tempo, criamos uma linha batizada de Lisot Jour e chegamos a ter 200 bordadeiras e 40 vendedores.”
Lisot diz que essa empresa ainda existe, mas foi transformada em loja de decoração. “Temos duas unidades em Caxias do Sul que são administradas por minha mulher. Hoje, ela trabalha principalmente com produtos da área têxtil.”
O perfil empreendedor da família foi estimulado novamente quando, no final dos anos 1990, visitaram os Estados Unidos. “Nós trouxemos uma panificadora doméstica e a instalamos na loja. Os pães fresquinhos eram oferecidos a arquitetos, decoradores e clientes em geral. A iniciativa foi um sucesso e todos queriam ter um produto semelhante.” Foram tantas encomendas que Lisot importou um container com 370 unidades.
Como as encomendas continuaram, em 1999 os Lisot resolveram comprar diretamente da China. Assim, puderam inserir a marca Cadence nos produtos. “Desde o início, as negociações de importação foram feitas por meu filho Cristiano, que é cofundador da empresa. Ele estudou administração de empresas nos Estados Unidos e tem bastante bagagem para trabalhar com importações.”
Lisot afirma que a Cadence continuou trazendo produtos inéditos ao Brasil e nos anos seguintes trouxeram cafeteira, panela elétrica para arroz, lareira elétrica, entre outros artigos que hoje compõem o mix da empresa, que faturou R$ 215 milhões em 2012.
“Em 2005, já tínhamos um número razoável de itens, o que nos forçou a mudar de Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul, para Itajaí, em Santa Catarina, para ficar perto do porto e reduz os custos.”
Ele afirma que até 2014 uma nova sede será inaugurada em uma área de 30 mil m². Numa segunda fase somará 60 mil m² na cidade de Piçarras (SC). A companhia tem hoje mais de 200 funcionários. “No novo espaço iremos contratar, pelo menos, mais 50% de colaboradores para a primeira etapa.”
O empresário conta que, além de importar, a Cadence produz cerca de 120 produtos de 38 categorias entre aquecedores, torradeiras, sanduicheiras, grills e secadoras. “Atualmente, 80% de nossos produtos vêm da China, mas são feitos sob medida para o mercado nacional”
Aos 63 anos, Lisot considera que um empreendedor precisa ter várias características para ser bem sucedido, mas destaca algumas. “Acho que ter seriedade naquilo que faz, tanto com os seus fornecedores como com os clientes e colaboradores é fundamental. O empresário deve ter seriedade para cumprir aquilo a que se propõe.” Acredita, ainda, que é preciso ter muita persistência, porque as dificuldades são grandes, assim como as adversidades do mercado e até do clima. Tudo isso, diz ele, pode influenciar no desempenho do negócio.
“São riscos que existem e precisam ser calculados. O último inverno, por exemplo, foi fraco e 40% dos aquecedores continuam no estoque. Isso demanda custo. Por isso, digo que para empreender é preciso ter uma dose de audácia, mas ela precisa ser controlada com prudência para não ultrapassar os limites que a empresa possa aguentar.”
FONTE: Estadão PME
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