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14 de março de 2012

Modelo de gestão Clássico ou Moderno?

As empresas estão cada vez mais conscientes que é necessário inovar para continuar competitivas, criando novos produtos e processos ou novos modelos de negócio. Então por que não inovar também os seus modelos de gestão? Não seria talvez a adoção de um método mais moderno de gestão o trunfo para manter-se a frente dos seus concorrentes globais?

O clássico modelo hierárquico de comando e controle talvez já não ofereça a eficácia na condução dos negócios deste século. O aumento da concorrência em todos os setores é induzido pelos seguintes fatores:

1 – Mudanças permanentes nos mercados e nas tendências econômicas, sociais, etc;
2 – Queda nas barreiras de entradas nos negócios;
3 – Comoditizacão dos produtos e conhecimentos.

Para que uma empresa possa competir com eficácia frente a esses fatores, deverá adotar um modelo de gestão que possa responder rapidamente aos riscos e oportunidades geradas por esse ambiente de negócios.

Segundo Carlos Nepomuceno, em artigo postado em seu blog: “Empresa 2.0: mito e realidade”, informa um artigo publicado no Wall Street Journal que apontava: “Século XXI pode trazer o fim da administração moderna”. No texto, alertava-se em resumo:

a) A administração “moderna” está próxima de uma crise existencial;

b) Se por um lado o mundo está cada vez mais complexo, flexível, ágil, adaptável, inovador, por outro, as organizações se burocratizaram e os gestores são resistentes à mudança;

c) Empresas não foram criadas para mudar, mas, ao contrário, para resistir as mudanças.

O novo guru e consultor Gary Hamel afirmou, em palestra promovida pela HSM, que a máquina da gestão moderna faz com que pessoas rebeldes, dogmáticas e de espírito livre adaptem-se a condições e regras, mas, para isso, ela desperdiça quantidades imensas de imaginação e iniciativas humanas. “Ela traz disciplina às operações, mas coloca em risco a adaptabilidade organizacional. Ela multiplica o poder dos consumidores no mundo todo, mas também escraviza milhões em organizações hierárquicas e quase feudais”.

Para ele, a gestão moderna contribuiu muito, mas exigiu muito em troca, e continua a exigir. “Devemos aprender a coordenar os esforços de milhares de pessoas sem criar uma hierarquia opressiva de administradores, manter controle sobre os custos sem sufocar a imaginação humana, e construir organizações em que a disciplina e a liberdade não sejam mutuamente exclusivas”, ressalta, lembrando ainda que neste novo século devemos lutar para transcender os trade-offs aparentemente inevitáveis, que foram o legado infeliz da gestão moderna. “Se você tivesse a oportunidade de começar do zero a gestão da sua empresa, como você faria?”, questiona Hamel.

Durante seu discurso, Hamel foi enfático ao salientar que precisamos de novas práticas e novos princípios de gestão. “O que mais limita o desempenho da sua empresa é o seu modelo de gestão, ele foi inventado para um mundo passado”, declara Hamel, apresentando a seguir três novos desafios para qualquer instituição. “O seu sucesso vai depender de como você vai lidar com esses desafios”:

1 – Acelere a mudança – ela acontece o tempo todo, o mundo está cada vez mais descontinuado e há muitas coisas mudando num ritmo exponencial. “Cada sociedade está sendo desafiada a mudar num ritmo sem precedentes. Algumas vão conseguir e sobreviver, outras não”. Praticamente todas as histórias das transformações aconteceram depois que as empresas chegaram ao fundo do poço, ou vale da morte.

2 – Rompa barreiras de entrada - para todos os lados, as empresas que mais crescem e são mais lucrativas são as que derrubam essas barreiras. O único antídoto que você tem nesta ultracompetição é a inovação. “É pela inovação, que vai minimizar a competição”, afirma. Apesar de toda a retórica, Hamel afirma que as pessoas não estão preparadas para superar essas barreiras. “A inovação precisa estar no DNA das empresas”.

3 – Busque diferenciação – o conhecimento está se transformando em commodity e as vantagens acabam desaparecendo muito rápido. À medida que o conhecimento vira commodity você tem de ser ainda mais rápido para gerar diferenciação. É só embalar este conhecimento e commodity de uma maneira diferente. “Hoje a Apple tem 8,7% do mercado de telefones móveis e tem 40% de lucro com as vendas dos telefones. A Apple tem a maior proporção de diferenciação com relação ao custo”

Christensen, citado no post do Nepomuceno, procura demonstrar que, em sua maioria, as grandes empresas se esquecem de gerir a inovação em seus negócios e que o futuro depende fortemente da capacidade de abandonar práticas de negócio tradicionais e adotar inovadoras, quando necessárias.

Demonstra o fracasso das organizações em se manter no topo de seus ramos de negócio quando confrontadas com certos tipos de mudanças de mercado e de tecnologias.

A reportagem alerta ainda que empresas diante de rupturas tecnológicas fracassam não por causa da sua gestão “ruim”, mas porque seguiram as diretrizes da “boa” gestão: escutaram clientes, estudaram tendências, alocaram capital para inovações que prometiam o maior retorno.

Mas, entretanto, deixaram de considerar inovações perturbadoras que criaram novos clientes e mercados para produtos de margem menor e com enorme apelo.

Por ultimo Nepomuceno sugere pensar em migrar para empresa 2.0 é, antes de tudo seguir algumas tendências:

a) Ter noção clara de que mudança atual é uma guinada cultural da civilização para um mundo mais descentralizado, horizontal, baseado muito mais no diálogo, no convencimento lógico do que na imposição e repetição de ideias, via mídia tradicional;

b) Incluir tais riscos e oportunidades no planejamento estratégico;

c) Traçar linha coerente de ação em toda a organização para implantar projetos de mudança para uma gestão mais horizontal de maneira rápida, porém consistente, com os investimentos adequados, de forma participativa, que inclua também ferramentas de documentos colaborativos;

d) Por fim, esperar como resultado não apenas a melhora da comunicação ou do marketing, mas sim a capacidade de inovar mais com menos. Ser mais competitivo, incorporando o consumidor/colaborador como aliados, co-criador, com suas contribuições nos mais diferentes canais que se abrem.

Autor: Irani Cavagnoli
Fonte: gestaoeinovacao.com