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1 de setembro de 2010

Como funciona o processo de planejamento


Sua empresa planeja corretamente?

Saiba quais são as quatro dimensões envolvidas nesta atividade, frequentemente subestimada.

Uma das funções da ciência de administração (ou método, se preferirem) que recebe
uma enorme dose de desentendimento e até injustiça é o conceito de planejamento. O patinho feio desta história é criticado de forma até deselegante: tempo perdido, teoria pura, coisa de consultor (ou professor), modismo, negócio para empresa grande. Os mais condescendentes afirmam: não funciona. Também pudera. Pelo menos um ex-ministro do Planejamento, figura importante e respeitada, formador de opiniões, costumava dizer que no Brasil, planejamento não servia para nada pois, em nosso país, longo prazo equivaleria no máximo a três meses.

Mesmo hoje, este tipo de resistência costuma com frequência surgir na fase inicial de entrevistas durante meus trabalhos de Planejamento Estratégico nas organizações.

Em meu ponto de vista, esta visão deve ser seriamente contestada. Com escusas pela auto-referência e citação de currículo, mas depois de trinta e seis anos de consultoria em planejamento financeiro e estratégico em recursos humanos e universidade corporativa, concluí que planejamento é, no mínimo, fundamental. Em todas as pesquisas que realizei em empresas triunfadoras de grande, médio e, atenção, pequeno porte, surgiu que, de alguma forma, todas costumam usar (e abusar) do conceito de planejamento, visão estratégica, antecipação de futuro, desenho de cenários alternativos, plano tático, mentalidade estratégica ou qualquer nome que se use, o importante é destacar que o processo de se antecipar o futuro aumenta em muito o nível de conhecimento (eu diria, até sabedoria) sobre o nosso negócio.

Vou mais além. Pessoalmente, acredito tanto nestas técnicas que nos últimos 25 anos tenho dedicado um dia por ano à avaliação da minha trajetória pessoal e profissional. De maneira formal, retiro-me para um hotel de praia ou de serra e faço a mim mesmo as perguntas básicas que desenhei para a metodologia de estratégia de empresa. Confesso que os avanços mais importantes que conquistei neste período surgiram desses momentos de reflexão. Claro que, ao longo de cada ano, mantenho-me permanentemente ligado às mudanças e ao acompanhamento dessa trajetória.

Vale também lembrar que pesquisas realizadas com ex-alunos de Harvard demonstraram que os 3% habituados ainda na fase acadêmica a escrever e perseguir suas metas alcançaram em 20 anos um patrimônio maior do que os 97% restantes que não davam atenção alguma ao ato de planejar.

Em realidade, o exercício do planejamento opera em quatro dimensões.

Em um primeiro plano, o cognitivo. Ao procurar conhecer o futuro e suas alternativas ocorre o aumento do conteúdo e da profundidade de suas decisões. Neste plano, planejar é melhorar o nível de conhecimento do futuro de forma a nos permitir escolher hoje a ação mais adequada. No entanto, sua mágica não fica por aí.

Em um segundo plano, quando se tem uma clara noção da intenção estratégica desejada, nosso conjunto de energias e capacitações aumenta e se direciona naturalmente para o foco proposto.

Um terceiro plano, que denominamos de ''sintonia'', surge a partir deste foco. Nele, as oportunidades e o conhecimento existentes no mundo são filtrados e canalizados para o nosso projeto.

Ao final, já no patamar da magia, podemos recorrer a uma afirmação do nosso brilhante Paulo Coelho: ''Se uma pessoa tem um sonho vigoroso e consistente, o universo conspira a favor'' Por isto, costumo recomendar aos céticos que, pelo menos, sonhem. Já será um grande passo na construção de um eficaz processo de planejamento.

Para concluir, uma motivação adicional. Praticamente a totalidade dos empresários com grande sucesso em negócios de pequeno porte afirma que um dos fatos mais importantes de suas caminhadas é, exatamente, a capacidade de eles sonharem. E disso, completam, não abrem mão.

Por: Marco Aurélio Ferreira Vianna